Ética e sustentabilidade




Marcelo Antonio Rocha

A cada dia o ser humano vem relacionando, cada vez mais, o acúmulo de bens materiais com a felicidade. A distorção a respeito do que o homem considera “valioso” e a confusão sobre o que pode fazê-lo feliz são parcialmente provocadas pela obsessão por bens materiais, que é fruto da ideologia moderna da dominação da natureza e da identificação da felicidade com o conforto material.

Nesse momento é que entra a ideia de sustentabilidade, que importa na transformação social através da integração e da unificação. Ela propõe a consagração entre homem e natureza, na origem e no destino comum, significando, portanto, um novo paradigma. Para isso é necessário que a sustentabilidade seja concebida como uma ideia ética, que deve ser inserida na sociedade, a fim de que seja colocado em prática o respeito do ser humano para com o meio ambiente que o cerca, incluindo, além dos recursos naturais, todos os seres vivos que constituem a fauna, a flora e todos os ecossistemas do planeta.
Existem duas condições razoáveis para uma nova uma ética ambiental. Primeiro, uma ética ambiental deve assegurar que existem seres não humanos que fazem parte do estatuto moral. Segundo, uma ética ambiental deve assegurar que a classe dos seres que tem estatuto moral, inclui todos os seres conscientes e também os seres não conscientes. Uma teoria ética que não reconheça valor inerente à vida de seres conscientes não humanos (animais) e a seres não conscientes (plantas e ecossistemas), não pode ser considerada verdadeiramente ambiental. Ou seja, a ética ambiental é fator fundamental para a garantia de um meio ambiente ecologicamente equilibrado, onde deve haver harmonia e interação entre todas as espécies, de um modo geral, que dependem dele para sobreviver.
A filosofia da finitude e da autorrestrição conflita com a cultura consumista. O desafio é estabelecer a convivência entre elas, motivando as pessoas a uma postura sóbria, módica, frugal e singela. O consumo consciente e responsável deve ser colocado em prática, atentando-se para a promoção do bem estar e da sadia qualidade de vida das presentes e das futuras gerações.
Essa deve ser a escolha ética praticada pelo Estado e pela sociedade. Insistir em um modelo cuja insustentabilidade – medida pela perda de ativos da natureza – compromete a capacidade das futuras gerações satisfazerem suas próprias necessidades, constitui também uma escolha ética. É tudo uma questão de optar por fazer o bem a si próprio e atender aos interesses particulares ou ter uma preocupação solidária e global. Esse é o papel do desenvolvimento sustentável: promover o bem estar das pessoas sem transigir com a degradação do capital natural.


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